quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

O recordar da alvorada


Hoje ainda te vejo. Na penumbra recordo-te na serenidade bucólica do teu casulo. Sei de cor os teus silêncios e interpretar tão bem as tuas pequenas expressões. Já não sinto o calor dos teus abraços, a serenidade da tua companhia e a paz que me ofereciam os teus acordes despreocupados de viola.
Em dias antigos,a simplicidade da tua essência fez-me confiar, ficar e abrir mão do bem que me fazes para te ver feliz. Fiquei mais pobre no dia em que partiste. Chorei secretamente e quase em silêncio  por não te ter por perto para conversar e desabafar. Compreendes-me como ninguém e conheces-me na mais pura das essências, sem medos e sem reservas. A ti ofereci sempre a chave da minha pequena caixa de Pandora. Não porque me a pedisses, obviamente, mas pela generosidade que lapidas-te em todas as maravilhosas dádivas que me deste. Coragem, resistência, luta, audácia e força: tudo isto reaprendi contigo.
Devo-te tanto!

Sinto falta de ver, divertida, as muralhas do teu imenso castelo que tão bem impões de forma imponente e dura aos visitantes que o desejam trespassar. Desejo voltar para perto dessas muralhas para que possas reabrir mais uma vez, quase que a receio, o gigante portão de ferro que protege o teu querido mundo. Julgo que nunca te disse: sempre achei bela a forma como te resguardas dos comuns, só abrindo as portas àqueles que entendes. Estes privilegiados são os que podem entrar verdadeiramente dentro do que é teu e mais sinceramente dentro de ti. Sempre te vi qual rei e senhor do teu reino que vive pacientemente para julgar e condenar todos os que requerem o acesso para chegar perto de ti. Quem o faz pode ou não, segundo os teus desejos, trespassar as frias muralhas de pedra de que, por fora, te revestes. Obrigada por um dia me teres concebido a passagem e por me teres revelado quão caloroso e acolhedor é o interior do teu mundo.

I wish you were happy today.

Best.

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