domingo, 11 de julho de 2010

A Menina Quase Sem Medo

Andreia escreveu cautelosamente na areia da praia um A tão perfeito quanto aqueles cinco anos lhe permitiam. Os pais, que a julgavam conhecer tão bem, ao verem aquela letra imortalizada por segundos sorriram. Por momentos o mundo pareceu-lhes nada mais do que um lugar idilico, quase perfeito por culpa daqueles olhos enormes de uma menina com caracois castanhos.
Esta criança é calma e tranquila. que pouco fala ás pessoas e que com esta atitude. abafa a imensidão que encerra aquele pequeno ser. É facil reconhecer os olhos de uma criança destemida e aquela, posso assegurar, ninguém a fazia tremer! Nas alturas das "aranhas" era eximia e corajosa e na natação uma verdadeira campeã. Amiga dos animais e amante dos livros aos quadradinhos era vulgar vê-la envolta em sonhos próprios da sua idade.
Os pais observam-na embevecidos na sua inquietante ingenuidade. Ela alheia a tudo isto parecia dizer para os seus botões "mas será que com esta letra apenas posso escrever o meu nome ou todos os nomes que existem? como o farei?..." De facto, o seu tamanho não acompanha a  sua enorme imaginação e é vê-la feliz a rabiscar furiosamente a areia húmida da praia.
Sem se prever, Andreia solta uma lágrima enquanto agarra na mão dos seus pais ao se ir embora. Ouvi o diálogo mais sábio que poderia esperar daquele pequeno ser:
- Porque choras meu amor?
- Tenho medo.
- De quê?
-De nunca mais poder voltar a sonhar.

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